20.6.09

O prefeito Luiz Marinho e a secretária Tassia Regino solicitaram . . .

SSE e Prefeitura de São Bernardo criam agenda comum
A secretária de Saneamento e Energia, Dilma Pena, recebeu hoje na sede da SSE o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e a secretária de Habitação, Tássia Regino, acompanhados de assessores e técnicos da administração municipal. O objetivo do encontro foi traçar uma agenda comum da Secretaria de Saneamento e Energia e suas vinculadas (Sabesp, Emae e DAEE) e a prefeitura de São Bernardo. “Vamos nos reunir várias vezes para aperfeiçoar as ações conjuntas nessa região”, afirmou Dilma Pena.

Na pauta do encontro, além de uma série de ações integradas para proteção do reservatório Billings, estavam as obras de drenagem na região, sob responsabilidade do DAEE, e as embarcações que a Emae mantém em três pontos de travessia do reservatório. O sistema de balsas é gratuito e conta com operadores trabalhando em turnos diferentes para que a travessia esteja à disposição da população 24 horas por dia durante toda a semana. A revisão da manutenção das balsas foi um dos temas do encontro. Foi apresentado também o plano de investimentos da Sabesp para a região de São Bernardo do Campo pelo diretor Metropolitano da empresa, Paulo Massato.

O prefeito Luiz Marinho e a secretária Tássia Regina solicitaram a criação de pelo menos três Grupos de Trabalho, com temas diferentes, envolvendo representantes da prefeitura e técnicos da Sabesp, Emae e do DAEE, com ênfase na busca de soluções de curto e longo prazos para os problemas regionais.


Ficou decidido que haverá um novo encontro com todo o grupo a ser agendado nos próximos dias. Também participaram da reunião o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira; o presidente da Emae, Guilherme Toledo; o diretor de Geração da Emae, Antônio Bolognesi; o superintendente do DAEE, Ubirajara Tannuri Felix; a coordenadora de Saneamento da SSE, Marisa Guimarães, e os técnicos do Programa Mananciais Ricardo Araújo e Amauri Pollachi.

Secretaria de Saneamento e Energia
Assessoria de Imprensa
Fone: (11) 3218-5337

6.6.09

A LÓGICA DO TUBARÃO

Tubarão voadorImage by Henrique Costa via Flickr

de Mario Sergio Cortella (publicado na FSP / 5 de junho de 2003 – Caderno Equilíbrio)

Tudo que é Natureza é arte que desconheces; / Tudo que é acaso é direcionamento que não podes ver; / Tudo que é discordância é harmonia não compreendida

Todas as vezes em que se fala sobre a incrível capacidade humana de dominar a natureza -como os elogios de praxe à nossa inventividade e poderio e, mais ainda, o orgulho de uma racionalidade que se aproxima da petulância-, Benauro Roberto de Oliveira, um paulista estudioso da história natural e social, conta e reconta em suas competentes e concorridas aulas uma das lendárias manifestações que cercam a personalidade de Jacques-Yves Cousteau, o francês que se tornou o maior dos oceanógrafos do século 20.

Dizem que um jovem jornalista entrevistava Cousteau sobre o nosso temor aos tubarões e desejava saber quais as chances de um de nós escapar no enfrentamento direto com um desses estupendos animais. O cientista respondeu que as probabilidades de sair ileso eram nulas. O jornalista não se satisfez, e perguntou, em sequência, se o tubarão atacaria se já estivesse alimentado, se fosse de noite, se estivéssemos numa jaula, se fossemos muitos, se carregássemos um arpão, se entregássemos alguma isca etc. A cada pergunta, a resposta de Cousteau era a mesma: o bicho atacará de qualquer modo. Irritado, o jovem bradou: mas isso não tem lógica! Com paciência, o genial pesquisador dos mares retrucou: "Tem, sim, mas é a lógica do tubarão.".

É preciso lembrar insistentemente a sabedoria emanada dos muitos modos como a vida se expressa no planeta no qual habitamos (e que muitos preferem chamar de "nosso" planeta, com uma dissimulada satisfação de dono): não somos proprietários, e sim usuários compartilhantes. Podemos, em alguns momentos da nossa história, imaginar que controlamos, dominamos e possuímos sem restrições tudo que nesta terra está, com uma ilusão fugaz de invulnerável soberania.

Basta indagar: quais foram, na percepção humana, os animais mais espetaculares e poderosos deste planeta antes de nós? Os dinossauros! Tiveram hegemonia e vigor exuberante por mais de 110 milhões de anos e desapareceram há mais de 60 milhões de anos antes de aparecer qualquer dos ancestrais mais próximos dos hominídeos. Cento e dez milhões de anos de poderio! No entanto onde estão hoje esses possantes seres? No tanque do teu carro, no material que faz o carpete sob a tua cadeira, na tinta que imprime o jornal que lês, na tampa da garrafa d'água que seguras, na frágil e banal bolinha de pingue-pongue. Viraram combustível fóssil e matéria-prima! E nós, dominando há apenas 40.000 anos, achamos poder fazer qualquer coisa. Degradar o ambiente, esgotar os recursos, conspurcar a atmosfera, corromper a vitalidade, depravar a convivência biológica, aviltar o equilíbrio natural.

Alexander Pope, o mais importante poeta inglês do século 18 (e autor de tradução em verso da "Ilíada" e da "Odisséia"), escreveu em 1734 o "Ensaio Sobre o Homem" e nele nos adverte contra a arrogância antropocêntrica: Tudo que é Natureza é arte que desconheces; / Tudo que é acaso é direcionamento que não podes ver; / Tudo que é discordância é harmonia não compreendida; / Tudo que é mal parcial é bem universal.
E se, em um pesadelo (infantil?) inspirado no romance "A Metamorfose", de Franz Kafka, no qual um homem acorda um dia transformado em um descomunal inseto, invertermos a lógica do escritor e um de nós for visitado pelos insetos que proporcionalmente cabem a cada uma das pessoas no planeta? A ciência calcula que, para cada ser humano na Terra, existem 7 bilhões de insetos! Imaginemos, mesmo em delírio reflexivo, se só os que te "pertencem" viessem te procurar dizendo: Qual é? O que estão fazendo com o lugar que partilhamos? Basta de insultar o nosso abrigo comum e arriscar a proteção da simbiose!
Não tem lógica?

MARIO SERGIO CORTELLA, filósofo, professor da PUC-SP, autor de "A Escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos" (ed. Cortez/IPF), entre outros.

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